Maria guardava todas essas coisas no seu coração







Ah, Maria! Maria!
Você, mulher, mãe de Deus, entende como é.
Você era tão jovem, estava noiva de um homem e tinha planos pela frente.
Planos com certeza muito diferentes do que vieram.
Um dia um anjo, no masculino, veio mudar sua sorte.
A paz esteja com você!
Paz? Onde houve paz depois disso, meu anjo?
É uma pobre mulher de Nazaré, não faça isso!
Não tenha medo! Você ficará gravida!
Nunca tinha exercido a sexualidade,
Não é possível!
E Gabriel, como um bom homem, foi embora.
Maria estava só.
Será que ela tinha para onde ir?
Isabel, sua parenta, está grávida.
Uma irmã! Alguém que entende! Deixe-a fugir da cidade!
Ir paras montanhas, se esconder por três meses.
Você é a mais abençoada das mulheres!
Só uma mulher para a abraçar assim,
Só uma simples mulher,
Só assim para Maria cantar!
Minh’alma anuncia a grandeza do Senhor!
Nesse tempo, seu outro homem, José,
Pensou que seu casamento estava destruído.
“Vou a deixar! Farei em segredo.
Se um anjo pode, por quê não eu?”
Porém, dos seus desceu uma anja, no feminino,
E disse para José: Não deixe Maria, por favor!
Você não sabe o que é estar tão só, não sabe.
Então José, tocado em seu machismo voltou para sua mulher.
“Mas a genealogia será minha! Não terá sexo até essa criança nascer!”
Maria, Maria, nem pode ter uma primeira vez depois do casamento!
José voltou como era capaz
E Maria teve que sobreviver ainda mais.
E como! Conta história que teve a moradia no Egito
E com nove meses estava viajando com seu Marido a Belém
Tirando de sua vagina o Filho de Deus entre animais imundos!
Com certeza, Maria, não foi isso que você sonhou.
Pastores – homens – vieram, cantaram e foram embora.
Magos do Oriente – homens – entregaram presentes e foram embora.
Seu corpo de mulher estava cansado,
Não quero visita! Quero um banho, que esse bebê pare de chorar!
Nem apresentando no templo!
Simeão, com belas palavras, falava alto profecias duras para uma mãe
Porém Ana, mulher, apenas fez louvor e espalhou a alegria por aí.
Que dura vida!
E a tristeza, como espada afiada, cortará seu coração, Maria!
Foram doze, trinta anos sem estardalhaço.
Comida, banho, educação, disciplina.
Coisa de mãe.
O menino crescia e ficava forte, tinha muita sabedoria e era abençoado por Deus.
Um dia seu filho teve que ir,
Já era homem, Maria sabia da missão.
“Fica com Deus” – Ela deve ter beijado o filho – “Nos vemos pelo caminho”
E por todo lugar Maria estava logo atrás.
“Não se esqueça de trazer mais vinho!”
Provavelmente Maria e Jesus estavam um pouco bêbados, se divertindo,
E José, ora, era homem.
Nunca mais foi visto nos evangelhos.
Pouco imaginava Maria que em breve, aquele mesmo vinho,
Seria o primeiro milagre de Jesus
E também o sangue dele torturado.
Ah! Maria! Você viu muito mais do que qualquer mãe já viu!
Seu filho batizado pelo seu sobrinho, João Batista,
Seu filho indo ao deserto,
Ele pregando a multidões,
Quebrantando os ricos,
Ressuscitando mortos,
Salvando vidas
E decepcionando o poder vigente.
Derruba dos seus tronos os reis poderosos e
Põe os humildes em altas posições!
Maria já sabia,
Ela já havia cantado que deveria ser assim.
“Bom menino! Não se esqueça de suas amigas:
Maria, Marta, Maria Madalena, Susana, Joana e de mim! ”.
Mas desse cálice vocês não podem beber.
Como um piscar de olhos – em apenas três anos
Maria viu em sua frente o filho, antes amado,
Cuspido pelo povo, chicoteado, com coroa de espinhos,
Carregado uma cruz.
Outro dia, estavam tomando vinho!
Outro dia, Jesus estava engatinhando!
Como pode? Foi para isso que Deus a chamou?
Deus meu, Deus meu! Por que me abandonaste?
Isso só poderia ser ideia de um Deus homem,
Sádico, que não cresceu ao lado do filho,
Só assim para deixar o filho morrer.
Por favor, João, cuide de minha mãe.
Maria chorou.
Por que, meu Deus? Por que fizeste isso com ela?
Cadê aquela paz que prometeu?
Uma mãe tirar da cruz seu filho torturado,
Levar até o tumulo – ela o levava para cama!
Passar perfume sobre o cadáver que antes ela arrumava para ir brincar.

Deus meu, Deus meu! Por que me abandonaste?
Cadê meu marido, meu filho, meus sonhos?
Meu sobrinho teve a cabeça arrancada,
Meu filho só teve três anos pregando.
Deus meu, Deus meu! Por que me abandonaste?

Maria guardava todas essas coisas no coração e meditava muito nelas.
Voltou até o tumulo para perfumar
Pois já fazia isso desde a época que ele não gostava de banho.
Foi com as amigas, as mulheres que a acolhiam, e se deixaram assustar.
Um homem desmaiado pelo chão
E uma anja – sem dúvida mulher – diz:
Por que procura entre os mortos o que vive?
Felizes são vocês que agora choram
Pois vão rir.
E o pranto se converteu em riso,
Correram alegres até os homens – que não acreditaram.
E se alegraram quando Jesus chegou na casa e disse:
A paz esteja com vocês!
Isso é paz! Essa é a face materna de Deus:
A ressurreição do Filho de Deus – e de Maria!
Ah, que pena que Isabel não teve essa oportunidade!
Maria teve e aproveitou até o último segundo
Quando seu filho subiu aos céus, ela acenava
E agradecia seu último adeus.
E eis que estarei com vocês para sempre, Amém!
---
Ah, Maria! Maria!
Você, mulher, mãe de Deus, entende como é.
Sabe como é ter sua vida transtornada
em lágrimas, em abandonos, em desilusões.
A Nossa Senhora sabe que Deus às vezes é duro conosco, mulheres,
Porém, Nossa Mãe, você também sabe que a pena tentar.

Cumpra-se em mim conforme a Tua Palavra.


Comentários

  1. Maria não é mãe de Deus, Maria foi mãe de Jesus, mesmo Jesus sendo Deus, não devemos trocar a obra que cada um dos três planejou e está executando no mundo.
    O Pai é Deus o criador
    O Filho Jesus é o Salvador
    O Espírito Santo é o consolador que está conosco até a volta de Jesus, é este mesmo disse que não sabe nem dia e hora, mas somente o Pai.

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