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Mostrando postagens de 2015

De que igreja você é?

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[adoro os desenhos do nakedpastor!] “De que igreja você é?” Essa pergunta. Quantas vezes me fizeram essa pergunta e eu, incomodada, não sabia o que responder. Talvez de vergonha, talvez com medo de dar muita explicação. Talvez porque essa pergunta não fizesse muito sentido para mim. Porém, esta sempre esteve presente. Não posso negar que, se eu fosse uma pessoa simples, diria com facilidade: Sou presbiteriana, criada na Catedral Presbiteriana do Rio. Isso mesmo, do rev. Guilhermino, da rádio. E agora estou na igreja presbiteriana Luz do mundo. Sim! A igreja do rev. Evaldo, que também está sempre na rádio.  É uma casinha em Laranjeiras... Mas não. E por quê? Primeiramente, quero ser bastante incisiva em dizer que a discussão entre se igreja é o corpo de Cristo ou a instituição não será meu foco. Não será, principalmente, porque falo a partir do protestantismo. Se fosse a partir do catolicismo, eu poderia desenrolar de uma forma completamente diferente. Porém, no p

Brincar e sacralizar

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[Gostaria de contar, bastante pessoalmente, uma das experiências místicas/espirituais que tive recentemente.] Ah, hoje não deu. Não consegui resolver o que eu precisava na pós-graduação. Estou cansada, cheia do que resolver e... nada. Sinto-me no deserto, onde não ando nem para frente ou para trás. É tudo um grande silêncio, com faltas de respostas, e um emaranhados de perguntas não resolvidas. E, dentro dessas perguntas, aonde está Deus? Aquele Deus que ficava tão de pertinho, que brincava comigo? Sinto tanta falta dele. É uma saudade do paraíso, das tardes do jardim que me destroem. Deve ser isso que as pessoas chamam de estado de pecado: a angústia de não ter Deus ali . Ou de não o sentir mais... Nessa angústia encontrei uma igreja. E, sabe, eu não gosto de igreja, mas algo havia lá que eu gostava: do silêncio, da solidão. Não demais, mais um pouco de silêncio é delicioso. E do sagrado. O sagrado me move. Era a Igreja de São Bento, que esteve em obras durante todo o per

Uma análise sobre Retalhos

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“talvez, pensei, em vez de oferecer graças, eu deveria pedir desculpas, orar por perdão. Talvez eu devesse sentir culpa. Não. Me sinto puro como a neve.” (p.313) Eu já havia pensando em fazer  uma resenha sobre Retalhos há um tempo, porém, com o comentário de duas amigas minhas tive uma ideia de qual direção eu gostaria de falar sobre essa obra. E, de uma forma não muito inovadora, vou falar de forma geral acerca da HQ e fazer uma análise muito pessoal sobre a questão da religiosidade que aparece sempre. Fico sempre bastante impressionada que as pessoas leem Retalhos e colocam o foco tão grandemente no relacionamento dele com a Raina, sem pensar no que a Raina significou. E, para mim, uma das grandes coisas que a Raina influenciou Craig, foi a religiosidade. Retalhos – em inglês Blankets – é uma autobiografia do Craig Thompson que começa desde a sua infância até o início da vida adulta.Lançada em 2003, venceu 3 prêmios Harvey, dois prêmios Eisner (um dos mais importantes

A complexidade de uma fé simples

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Quem já quis simplificar algo na sua vida, sabe do que estou dizendo. Dizer um dia “vou ter um celular mais antigo, sem internet, menos complicado” é sinônimo de ouvir frases como: “Como vamos falar contigo sem Whatssap? E os trabalhos que são feitos em grupos do facebook? Também não verá seus emails? Está complicando sua vida.”. Ou, talvez, queira viver com menos roupas, menos produtos: “ficou louca? Vai repetir roupa no trabalho? Como você vai arranjar um namorado assim? Você está complicando sua vida.”. Se tornar vegetariana, então “vai comer nada? Que radicalismo. É tão mais simples comer de tudo.” Todavia, muitos desses que dizem comer de tudo, na verdade, não chegam perto de grãos, legumes, frutas e tantas coisas que seriam muito complicadas de ter no dia a dia . É assustador perceber que é mais fácil encontrar o mais complexo. É bem mais fácil comprar um chocolate do que encontrar uma venda com frutas. É mais fácil você comprar algo feito de trabalho escravo na China

E o fruto do Espírito é tristeza

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Muitos textos da Bíblia me inquietam, mas poucos me inquietam tanto quanto Gálatas 5 . Apesar de ser daqueles textos que sempre me dão uma lição nova e me ajuda a crescer muito espiritualmente, tem uma pequena palavra que me tira do sério, que me perturba – e muito. E essa palavra é de que o fruto do espírito, além de muitas coisas é alegria . Alegria. De acordo com a OMS, 121 milhões de pessoas sofrem de depressão no mundo. Isso em número de pessoas diagnosticadas, logo a incidência é muito maior. E quando uma pessoa tem depressão ou está com o humor deprimido, não adianta forçar a pessoa ser alegre que ela não vai ser. Ela não escolhe isso. Nessa hora não existe “diga para si mesma que você será feliz” que não vai ser. Você vai ser triste. Você pode amar outras pessoas estando triste, ter o ânimo longo de, mesmo mal, vai ter uma saída, pode ser mansa, ter domínio próprio, boa, ser fiel, todos os frutos do Espírito. Menos ser alegre. Ser alegre seria falsidade, hipocr

Herege, sim

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[ Retalhos - Craig Thomspon] O tema da heresia é um grande assombro da igreja cristã e este não é algo novo. Curiosamente, ele surge junto da criação da igreja de uma forma muito particular. Afinal, o judaísmo da Torah, percebia que havia aqueles que não se mantinham fiéis a Yahweh ou, posteriormente, a lei Mosaica. Porém, estes não eram vistos como hereges, mas sim como traidores do seu povo. Não era uma questão de heresia, mas de ter aqueles que eram piedosos a Yahweh, que não tinham outros deuses em lugar dele e aqueles que, no contato normal com as outras religiões, acabava tirando de seu foco o culto a Yahweh e a fidelidade que ele exigia. Era uma relação entre ser ou não fiel, a qual correspondia diretamente a prática da lei. Com Jesus, a lei se cumpriu então não era um critério esse tipo de fidelidade. A prática da lei só separava aqueles que eram fariseus dos judeus comuns. O judeu comum não era herético, porém não possuia esse zelo. Apesar das diferenças com outros

O silêncio do dia do teólogo.

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Hoje dia 30 de novembro, é o dia do teólogo e o silêncio é tão grande que eu mesma pensei em nada escrever, deixar assim mesmo e não comentar sobre isso. Porém, me soa muito errado deixar desse modo, não só porque eu sou teóloga, mas também porque o espaço do ser teólogo é uma conquista, uma história e está muito ameaçado. Nós vivemos no país chamado Brasil que no último censo de 2010 mapeou um montante de 64,63% de pessoas que se consideram católicas e 22% de evangélicos, um crescimento considerado, lembrando que em 1980 o número era de 6,6%. Além destes, sobram 13,37% de pessoas no Brasil a qual apenas 8% se consideram absolutamente sem religião – sem que, todos os sem religiões sejam ateus e agnósticos. A partir desse mapa, vemos um país religioso, em sua grande maioria cristã e que fazem questão de se dizer cristão para um documento do governo. Então estudar religião se torna, no Brasil, facilmente uma tarefa de impacto social, que conversa com a realidade e que deve

Sobre a Teologia [parte 3] - ser Teóloga (?).

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Depois que você já saiu do choque dos primeiros momentos da Teologia, começa vida mais intensa na faculdade. Aos poucos fica claro o que é ser teólogo. Você começa estudando um pouco de introdução a Bíblia, introdução ao método Teológico, documentos da fé e se prepara para as matérias específicas. Como em qualquer faculdade, você estudará disciplinas aleatórias. Tive a oportunidade de não cursas todas as aleatórias porque muitas eu havia feito na UFRJ, então facilitou. Todavia, coisas inúteis vi, como a matéria de Psicologia da Religião. Sim, eu estudo psicologia. Sim, sou formada em Teologia. Sim, a matéria de Psicologia da Religião foi inutilíssima. Um detalhe muito comum na faculdade de Teologia é ter professores desconexos. Isso proporciona uma formação estranha. Afinal, o professor de Psicologia da Religião era padre e filósofo. Nosso professor de Hebraico não fez Letras. E, pela situação complicada que a faculdade passava financeiramente, não era possível contrata

Sobre a Teologia [parte 2] – Um curso curioso.

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Como apresentei no texto passado, eu achava que Teologia seria um antro de pessoas jovens e alternativas que gostavam de estudar a fé cristã. Pensava também que eu iria fazer vários amigos daquele jeito que eu conhecia na internet que pensavam uma nova forma de ser igreja. Eu estava completamente errada. Primeiramente a minha turma, que tinha cinquenta pessoas, tinha menos de dez na faixa dos vinte anos. Eu, na época, era a mais nova, de 18 anos. A turma se dividia em praticamente dois grandes grupos: aqueles que, mais velhos, decidiram estudar Teologia porque gostam ou aqueles, os mais novos, que vão ser pastores. Nunca consegui ser próxima dos seminaristas, principalmente porque eles não tinham interesse nenhum em aprender Teologia. Isso me deixava bastante irritada. De um lado havia os adultos, com filhos, falando de suas esposas e seus trabalhos, noutro um bando de jovem sem cabeça que tinha pai/tio/contato pastor e que já estava ganho na vida. Só faltava o diploma. Assim,

Sobre estudar Teologia [parte 1] – A escolha pelo curso

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[Retalhos - Craig Thompson] [No ano de 2014 eu me formei em Teologia e eu queria contar um pouco de como foi esse processo para mim.] Fui criada na igreja evangélica presbiteriana. Mais especificamente, na Catedral Presbiteriana do Rio de Janeiro. Porém, com 13 anos, eu decidi me aproximar um pouco mais da ideia de Deus. Foi uma trajetória longa de um ano para, de fato, me entender como convertida e com 14 anos fiz uma opção pelo cristianismo na minha vida como escolha própria, não da minha família. Naquela época, todavia, eu não sentia nenhum suporte da igreja para essa minha decisão. Tive que trilhar de forma muito improvisada. Pessoas tímidas e desconfiadas tem dificuldade, a gente se sente sozinha, então como eu gostava muito de internet procurava por conta própria algumas coisas sobre minha fé. Me interessei por tudo que era moda 2007/2009 para os jovens crentes: igreja emergente, SOLOMON1, sexxxchurch, amor é um movimento, To Write Love In Her Arms, igreja orgânica,

O que é ter um blog?

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[Retalhos - Craig Thompson] Olá, Escrever um blog me traz muito medo. Medo porque eu sinto que desejo falar e a possibilidade de falar dentro dos nossos espaços comuns - facebook, debates - são muitos voltados a intolerância, a desumanização daqueles que fazem parte. Não o desejo, mas ser silenciada é muit duro. Por isso, mesmo com medo, decidi fazer um blog. Não ligo em ter minhas ideias desrespeitadas, mas eu não sou psicologicamente muito estável para ver alguém me recusar pelo que eu penso. É de meu maior interesse que, no que depender de mim, terei paz com todas as pessoas. Porém, se eu tenho tanto medo, por que eu estou escrevendo? Acho que farei um post sobre silenciamento e fala, aonde poderei comentar um pouco mais sobre isso, mas a princípio eu posso comentar de que eu sempre tive blogs. Eu escrevo em blogs desde meus 11 anos a qual minha maior preocupação no meu blog era fazer um fã clube de Inu-Yasha. Posteriormente fiz blogs mais pessoais. Aos meus 17 anos fiz