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Mostrando postagens de fevereiro, 2019

Pastorado em sofrimento

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Ei, você já viu? A criança Genival brincava de ser pastor. Subia no palanque, pegava o microfone.   E, agora com a internet, a gente vê fotos de criança o dia inteiro. Nem gosto de crianças, mas fazer o quê, é o mundo virtual. Filhos de amigos pastores sempre tem foto no púlpito, fazendo carão com a igreja toda rindo. É engraçado, não? Tanta profissão para se sonhar.   Médico, astronauta, engenheiro, professor, pirata... E o bebê quer ser pastor. Quando soube que meu ex-sogro, pastor Genival, brincava de ser pastor quando pequeno, logo ri. Ri porque nós, psicólogos, estudamos muito crianças, seu desenvolvimento e seus desejos. Aliás, um dos objetos de estudos mais clássicos para o psicólogo é o desejo, o libido, a pulsão sexual, como diria Freud. Afinal, o que nos move? E o que faz um homem nordestino, que mora na periferia do Rio de Janeiro, ter sonhado desde muito cedo com ser pastor? Em sua fala ele foi convocado pelo pastor da sua igreja de origem para o t

As muitas formas do amor e do sexo cristão

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Tem coisas que nós não conseguimos fugir, não é mesmo? Algumas coisas estão encravadas em nós, se sedimentaram. Por mais que tentemos esquivar, mudar de igreja, de teologia, está ali. Uma dessas coisas é a nossa construção social sobre o amor e sobre o sexo. Esse é um dos temas melhores socializados nas igrejas, engajados em quase todos os sermões e formas sociais. E, sendo nós pessoas criadas nessas instituições, estamos fadados a nos encontrarmos os mesmos embates de novo e de novo. Sofrer novamente, aprender novamente. Sempre assustados de ver que as dificuldades sexuais das igrejas serão também nossas dificuldades sexuais. Como filhos que descobrem estar fazendo a mesma coisa que os pais. Nós, por exemplo, não temos muita familiaridade com o tema da diversidade, no caráter mais amplo de que esse termo pode ter. Somos de uma fé que veio, “teoricamente”, de um só povo que cria somente em um Deus. Esse Deus produziu um único caminho que veio através de um m

Os armários de minha igreja – entre fé e segredos

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Todos os que criam estavam unidos e tinham tudo em comum. At 2.44 Eu amo homens e mulheres. Amo o desejo e os seus plurais. Amo os segredos do universo, as místicas das plantas, os números por traz de cada respiração. Amo duvidar e gosto de segredos bem guardados. A questão é que eu tenho medo. Essa é a verdade. Eu tenho medo, muito medo, mas... De quem eu tenho medo? Um medo ressoa muito forte quando pensamos no relacionamento de igreja, de irmandade entre cristãos: o escândalo. É um tema que não só Paulo reafirma, mas como foi preocupação para o próprio Cristo que seguimos: Mas, qualquer que escandalizar um destes pequeninos, que crêem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma mó de azenha, e se submergisse na profundeza do mar. Ai do mundo, por causa dos escândalos; porque é mister que venham escândalos, mas ai daquele homem por quem o escândalo vem! Mateus 18:6,7 Uma palavra desta nos deixa enfaticamente alerta para o poder que possu

Relatos sobre já viver a igreja do futuro.

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Somente existem dois tipos de igrejas: a do passado e a do futuro. Não existe a do presente. Engana quem aponta a linha temporal como um presente que olha para o passado ou que aponta para o futuro. Isso pode até existir em lugares que olhem para o próprio solo, que sabem aonde estão inseridos. E de modo algum a igreja cabe nesse modelo. Mesmo a igreja que sente o cheiro da terra molhada, que vislumbra detalhes de suas minhocas, não passa de um ser flutuante que, de modo algum encosta no chão. Ela é supra temporal. Se encontra no buraco onde o tempo é passado e futuro junto, onde eternidade sempre existiu e onde o início varia de onde você enxerga. O futuro já pode ter passado e até por isso, possa não valer a pena olhar para ele. Mas o que importa é: existem duas igrejas, a do passado e a do futuro. E você saberá quando estiver em uma delas. O cristão que está na igreja do passado sabe os entraves limitadores que ocorrem quando se escolhe essa narrativa: uma hi