Cuidado a distância
Reflexão – cuidado a distância (Jo. 14 1-14)
Contexto:
Os evangelhos tem formas diferentes de relatar a última
semana pré-morte e ressurreição, mas temos um caminho de chegada em Jerusalém
no domingo de ramos, vê a decadência da cidade e na quinta ceia com os
discípulos a pascoa, lava os seus pés, avisa da traição de Judas e dos
discípulos, inclusive a Pedro e caminha para o Getsêmani para orar, aonde será
preso (antes de qualquer condenação, de modo bastante injusta).
Entre o lava pés, o aviso da traição e a oração de Jesus no
Getsêmani João faz um relato longo, de 4 capítulos de palavras de conforto que
Jesus teria dito. Essas palavras estão em nenhum outro evangelho, só em João.
Contudo, a algo muito próprio destas palavras que, mesmo não estando em outros
evangelhos, me dão uma sensação de cuidado que, sim, essa sensação está por
todos os evangelhos. O cuidado com as mulheres, as crianças, com o que os
discípulos deveriam levar no caminho, em como tratar o outro e é claro no fato
de Cristo ter voltado dentre os mortos e ter conversado, passado mais de um mês
com os discípulos mostra para mim que o fator cuidado é absolutamente preciso
em Jesus.
Mas o que me chama a atenção para escolher esse texto é que
Cristo está preparando os discípulos para lidar com a distância, a incerteza e
a morte, algo que nós temos vivido profundamente hoje.
Não se turbe o vosso coração; crede em Deus, crede também
em mim
Esse é um termo que aqui em casa usamos muito: crede em
Deus, crede também em mim. Recentemente fui a igreja com meu pai pegar algumas
coisas da nossa família e meu pai não cria que poderia dar certo. Ou quando meu
pai diz algo muito arriscado que irá fazer para minha mãe. Sempre estamos nesse
processo de crer em Deus e crer um nos outros, para que não turbes o nosso
coração.
·
O amor que construímos com os outros e com
Deus são fundamentais para não nos desanimarmos
Na casa de meu Pai há muitas moradas/ Pois vou preparar
lugar
Jesus o tempo inteiro era firme em dizer que os dias seriam
ruins, que iriamos sofrer, que ia ser dificil, mas Jesus jamais disse que
faltaria espaço ao lado dele, aconchoado, quentinho e pronto para receber
nossas feridas. Agora que estou arrumando bem mais minha casa do que antes,
tenho imaginado Jesus nesse lugar, num quarto decorado para ser meu, trocando a
roupa de cama, passando pano nos móveis, coando o café e esperando chegarmos
lá.
·
Não importa o que passarmos, sempre terá uma
cama, um cobertor, uma doçura para a gente na presença de Cristo.
Vós sabeis o Caminho/ Eu sou o caminho, a verdade e a
vida
Por mais que desejamos e lutamos para que haja caminhos
físicos de solução da pandemia, com vacina, com valorização do SUS, com melhor
proteção, mais dados, quem vai segurar nossa bola sempre vai ser Jesus. Ele
sempre falou do desejo real de que o Reino viesse para a Terra, para orarmos,
para ajudarmos, mas se a gente não se apegar a Ele, tudo pode falhar.
·
Cristo é a solução primeira para nossas
vidas.
Vos digo que aquele que crê em mim fará também as obras e
outras maiores/ E tudo o que perdires em meu nome, isso farei.
Esse final é absolutamente loucura frente o contexto. Aviso
de traição, iminência da morte, provavelmente eles sabiam que algo ia acontecer
com Jesus e, como João mesmo mostra, os discípulos não acreditavam muito que
algo iria acontecer. Se Jesus morrer, não vai haver obra nenhuma, nem menor nem
maior na cabeça dos discípulos. E não haverá como pedir algo para Jesus porque
não sabemos muito bem o caminho para que Ele vai. Então, como ficamos?
·
Mesmo na morte e na dor, ter esperança,
sonhar com um futuro existente.
Deus os abencoe
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